Artigo: A direita tenta se salvar

Quando vejo um representante do agronegócio e da UDR como o senador Ronaldo Caiado insistindo desde dezembro do ano passado que chegou a hora de se realizar eleições diretas e gerais no Brasil só me vem uma certeza: a direita está tentando se salvar.

Me lembro das palavras de um velho coronel da política do DF que me disse certa vez que político vai com o amigo até a beira da cova mas ao chegar lá não desce junto.

O navio do golpe está afundando, os grandes nomes da quadrilha que tramou para derrubar Dilma estão envolvidos até o pescoço nas denúncias de corrupção, muitos com quase meia dúzia de inquéritos como o caso de Aécio Neves.

A única saída deles é tentar passar a ideia de que estão preocupados com os destinos do país. Pura hipocrisia. Isso não é nada novo.

Venho defendendo eleições diretas e gerais desde antes do impeachment e da posse de Temer e na época só vi os traidores da pátria defendendo o golpe.

Golpistas da laia de Caiado estão preocupados em se salvar mas estão se lixando para a volta no governo Temer dos cruéis episódios no campo ocorridos na época do governo de FHC, como o massacre de Corumbiara, em Rondônia há 21 anos, quando PMs e pistoleiros mataram 12 sem terras e feriram 53 pessoas assentados da Fazenda Santa Elina.

Com a posse de Temer os matadores de trabalhadores no campo se sentiram encorajados e a violência no campo em 2016 chegou a 61 assassinatos de sem terras ocorridas em quase todas as regiões do país.

Esta semana o Brasil mais uma vez se horrorizou com os cerca de 10 assassinatos cometidos por pistoleiros na Gleba Taquaruçu do Norte, na zona rural do Município de Colniza, em Rondônia, a 1.055 km de Cuiabá.

Estamos apenas em abril e 19 trabalhadores sem terra já tombaram, em Rondônia, Alagoas. Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Ou melhor, eles não tombaram não, eles lutaram, e nas memórias de milhares de nós estão mais vivos do que nunca – como disse Marco Barato, na Sessão Solene em Homenagem ao MST, realizada por mim na Câmara Legislativa, ao relembrar os 19 companheiros massacrados em 1997, em El Dourado de Carajás.

No governo Temer, assim como aconteceu nos governos FHC, o MST passou a despertar cada vez mais a ira de ruralistas e ser tratado como inimigo número um dos grandes proprietários de terra e das transnacionais.

Portanto, Temer e sua quadrilha não passam de hipócritas. Ele ainda tem o descaramento de dizer que a única saída para o caos político na Venezuela é a realização de novas eleições gerais.

Se caos político for o precedente para novas eleições, Temer deveria renunciar imediatamente e convocar eleições diretas aqui.

Existe caos maior do que a disputa atual entre Legislativo, Executivo e Judiciário se digladiando na tentativa de salvar golpistas corruptos e se manter no poder?

Maduro foi eleito democraticamente pelo povo venezuelano. Temer é um golpista. Não tem um voto. Se na Venezuela deve ter eleições diretas, no Brasil Temer tem que ser deposto já.

Comecemos por: todos de braços cruzados e nas ruas na Greve Geral de 28 de abril.

Chico Vigilante – Deputado distrital e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa do DF

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