CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILIENSE

Os vigilantes do Distrito Federal se constituem em uma categoria formada por homens e mulheres trabalhadores de ficha-limpa, sem antecedentes criminais.

Esta categoria faz parte da história do movimento de luta da classe trabalhadora brasileira tendo protagonizado uma greve ainda no regime militar, no ano de 1979, há quase 40 anos.

No entanto, mesmo tendo atravessado diversas oportunidades de extrema dificuldade, é nesses dias atuais que os vigilantes do DF enfrentam a situação mais difícil dessa longa e bonita trajetória.

Nesse momento, Brasília assiste ao embate entre a classe trabalhadora contra uma horda de empresários inescrupulosos cujo principal objetivo é a retirada de direitos trabalhistas conquistados há décadas.

É uma verdadeira luta de Davi contra Golias.

Dentre esses direitos consagrados para os trabalhadores brasileiros, os patrões desejam dividir o modesto auxílio alimentação da categoria, cujo valor é de R$ 34 por dia, em duas partes iguais: uma em dinheiro e a outra a ser paga na arcaica modalidade de cestas básicas.

Os empresários estão cortando de maneira desumana o acesso dos vigilantes ao plano de saúde. Justamente em uma época em que a saúde pública na cidade enfrenta infinitos problemas na que centenas de profissionais e familiares estão nos hospitais e, em alguns casos, em UTIs.

As empresas também querem acabar com o período compreendido entre os turnos destinados ao repouso e à alimentação dos trabalhadores, conhecido como intrajornada. Para eles, trinta minutos para almoçar e um breve descanso são suficientes para que retornem imediatamente ao trabalho.

Outra vontade dos patrões é fazer com que os vigilantes tenham de trabalhar mais tempo para receberem o adicional noturno. Eles querem ampliar de 52 minutos para 60 o quantitativo da ‘hora noturna’ fazendo com que o profissional trabalhe mais tempo com a mesma remuneração.

Também querem descumprir uma norma contida na CLT que obriga às empresas repassar ao sindicato os recursos advindos da mensalidade sindical.

No ano passado, as negociações para a campanha salarial se arrastaram pelo ano inteiro tendo fim somente em dezembro, com uma decisão favorável do Tribunal Regional do Trabalho. A categoria reivindica que seja mantida a decisão judicial de dezembro do ano passado e que os empresários não querem atender por pura maldade e ganância.

Esses são, em suma, os motivos desta greve dos vigilantes.

Os vigilantes do Distrito Federal pedem o apoio e a compreensão da sociedade brasiliense para não se tornarem os escravos da vida moderna.

Brasília, 7 de março de 2018.
Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal