Democracia x Bolsonaro: momentos decisivos

Chico Vigilante – Deputado Distrital – PT/DF

Vivemos momentos decisivos da democracia brasileira. Tenho dito e repetido que a democracia no Brasil é uma planta muito delicada e frágil, que precisa ser regada e cuidada todos os dias. Infelizmente, nas últimas eleições, depois de campanhas odiosas contra os valores democráticos e contra a política, o Brasil elegeu um presidente desmiolado e irresponsável, com uma família inculta e demente, que provoca instabilidade e não cumpre os deveres presidenciais, nas mínimas questões.

Por isso, é hora de todos os homens e mulheres que amam a democracia e desejam que o Brasil supere a desigualdade e suas mazelas pelo debate maduro e construtivo unirem-se, independente de partidos e ideologias, de crenças religiosas e de origem para defender o bem maior que é a democracia. Essa família de loucos, que pensam que o presidente está acima dos poderes e que os poderes resumem-se à pretensa liderança política que as pesquisas já demonstram em franca erosão.

A imagem do presidente da nação, com expressões e gestos dementes, em frente ao Palácio da Alvorada, no dia em que o Brasil passou de 25 mil mortos pela COVID-19 e os Estados Unidos de seu “amigo” Trump, alcança 100 mil mortes, é patética. Ele ameaça a democracia brasileira, dizendo que a Polícia Federal não deve cumprir ordens do Poder Judiciário, como se a PF fosse sua propriedade.

Mas esse desespero tem uma explicação: o inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, que atinge os integrantes do chamado “gabinete do ódio”, que na verdade são operadores de ameaças, impropérios e notícias falsas, que atuam desde a campanha de 2018 e antes dela, com provável financiamento de empresários fascistas que desejam o mal dos trabalhadores e do Brasil.

A investigação pode trazer à tona a atuação criminosa desses operadores e o nome dos financiadores da milícia digital. Alguns dos investigados foram objeto de busca e apreensão ontem e já são publicamente conhecidos, como o patético “véio da Havan”, devedor de centenas de milhões à Receita Federal.

O desespero do presidente é que ele sabe que foi eleito de forma criminosa com “fake news” pagos com caixa 2, o que já deveria ter sido investigado de forma ágil pelo TSE. Ele sabe que seus filhos são peças fundamentais desse esquema que pode levar à cassação de seus mandatos, inclusive o de Jair Bolsonaro.

Por isso, ele ameaça o Legislativo e o Judiciário, acreditando ter o apoio das Forças Armadas para uma aventura autoritária, em pleno século 21, jogando o país numa situação de pária internacional. Não creio que generais, almirantes e brigadeiros, desejem jogar suas instituições militares na repetição de um erro da época da guerra fria, que custou muito à imagem das Forças. A Constituição não dá guarida a esse arroubo e a História é implacável.

A Constituição obriga todos os poderes a cumpri-la. Bolsonaro, a despeito dos rompantes verbais para o “gado do cercadinho”, terá que cumprir ou desocupar o Palácio do Planalto.