Diretoria e trabalhadores da CEB vão estudar alternativas à privatização da empresa

A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa realizou na manhã desta terça-feira uma audiência pública para debater a possibilidade de privatização da Companhia Emergência de Brasília (CEB). Cerca de 600 pessoas, dentre trabalhadores e diretoria da empresa, lotaram as dependências do auditório da CLDF.

Ficou acordada a realização de reuniões entre diretoria e empregados com o objetivo de encontrar alternativas de fortalecimento da CEB e evitar o processo de privatização.

Para o presidente da CDC, deputado Chico Vigilante (PT), a empresa energética do DF não deve ser privatizada, assim como, todas as companhias estratégicas. Para ele, levar energia elétrica é sinal de cidadania e traz dignidade, especialmente, aos mais pobres.

“Nós entendemos que somente uma empresa com a visão social e com o alcance que a CEB tem, é que pode levar cidadania para as pessoas”, afirmou.

Debate – O principal ponto de discussão entre diretoria da empresa e urbanitários foi a possibilidade da caducidade da CEB, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revoga a autorização de operadoras para distribuição de eletricidade.

O presidente da CEB, Edson Garcia, afirmou que o quadro financeiro atual não dá futuro para a companhia. Ele salientou que foi surpreendido ao assumir a companhia com informações divergentes das recebidas quando da transição. “Temos a missão de, em 2019, salvar a companhia da caducidade”, afirmou.

O diretor financeiro da estatal, Armando Casado, informou que, de acordo com o parecer de um auditor financeiro, a CEB estaria com incerteza operacional de continuidade por deficiência de capital de giro e alto índice de endividamento, com resultado negativo acima do nível regulatório estabelecido pela Aneel.

O representante dos trabalhadores da CEB, Mauro Pereira, contesta os números apresentados pela diretoria da empresa e afirmou que a CEB Distribuição é eficiente. Ele apresentou uma pesquisa para mostrar que a CEB é bem avaliada pelos consumidores do Distrito Federal com 76,5% de aprovação. “Os indicadores de continuidade da CEB são melhores do que os exigidos pela Aneel e pelo contrato. Estamos crescendo mais do que a média nacional”, afirmou.

Para ele, o problema de endividamento não é somente da CEB, mas do conjunto das distribuidoras de energia em todo o país. Pereira afirmou que o prejuízo apresentado pela empresa em 2018 deveu-se a problemas conjunturais e que, contabilizando-se os lucros obtidos desde 2016, o saldo da empresa é bastante positivo. “Isto não é privatização, é dilapidação do patrimônio público”, cravou.

A deputada federal Erika Kokay (PT) se mostrou contrária à privatização da empresa de energia, como foi feito no Estado de Goiás, no qual, segundo ela, o preço da tarifa foi aumentado. “O Distrito Federal precisa da CEB pública e democrática”, afirmou.

Para o diretor do Sindicato dos Urbanitários do DF (STIU), João Carlos Ferreira, a diretoria da empresa está omitindo os dados que comprovam a eficiência da CEB. Para ele, a privatização vai trazer incertezas quanto à continuidade do fornecimento, o aumento de apagões e o encarecimento da tarifa ao consumidor.

A diretora da Confederação dos Urbanitários Centro Norte, Fabíola Antesana, lembrou que, em 2014, a CEB correu o risco de perder a concessão, como agora, mas os funcionários conseguiram recuperá-la. Ela avalia que a empresa passa por um momento de disputa de interesses entre os do povo e o financeiro. A urbanitária assegura que a venda da empresa não é simples porque os efeitos ficarão para os consumidores.

 

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