Enquanto ameaça deputados, governador deixa faltar insumos básicos nos hospitais públicos

O contexto de abandono na saúde pública está indo além do caos. No mesmo tempo em que o Governador Ibaneis Rocha (MDB) ameaça os deputados distritais a votarem um projeto que vai privatizar o sistema público de saúde, insumos básicos faltam nos estoques do Hospital Regional de Ceilândia.

A denúncia chegou ao deputado distrital Chico Vigilante (PT) por meio de servidores que descrevem um cenário desesperador nos hospitais da rede pública do DF.

“Com um hospital público em uma situação precária como essa, o Governador Ibaneis, ao invés de liberar recursos para comprar o que está faltando, fica brigando com a Câmara Legislativa com a ideia absurda para implantar uma fantasia no mundo da saúde”, afirma.

Um funcionário, que não quis se identificar, relatou que falta de tudo nos armários do hospital. Ele conta que, na noite de sexta-feira, estavam em falta insumos básicos de manipulação como compressas de gaze; soro fisiológico; algodão; fitas micropore; ataduras; fitas de glicemia; e luvas de procedimento e cirúrgicas de todos os tamanhos.

A lista parece não ter fim. Lidocaína bisnaga; cateter para infusão venosa; e sondas para lavagem gástrica; dentre outros insumos, também faltam no estoque do HRC.

O mais grave, de acordo com os funcionários, é que a lista de insumos em falta é ainda maior e que a situação vai perdurar por todo o fim-de-semana.

Fundo de Saúde e PDPAS – Um levantamento feito gabinete do Chico Vigilante revela que, no fim de 2018, o Fundo de Saúde do Distrito Federal somava R$ 538 milhões. Grande parte era de recursos comprometidos, no entanto, uma boa quantidade poderia ser desbloqueada para gastos emergenciais dos hospitais por meio do Programa de Descentralização Progressiva das Ações de Saúde (PDPAS).

O PDPAS, criado em 2010, possibilita aos hospitais regionais realizar pequenas compras em regime de urgência. Por meio desse programa, é possível que cada hospital possa comprar, de maneira descentralizada, medicamentos, materiais básicos, pagar por serviços de lavanderia de acordo com a necessidade de cada unidade.

“É extremamente útil para situações de urgência, como essa verificada hoje no Hospital Regional de Ceilândia”, afirma Chico Vigilante.