Entrevista de Lula foi momento de grandiosidade, diz Chico Vigilante

O deputado distrital Chico Vigilante (PT) selecionou aqui principais trechos da entrevista concedida hoje (19/1) pelo presidente Lula, para jornalistas da mídia progressista, num hotel em São Paulo. O presidente respondeu a perguntas diversas por mais de três horas e deixou claro para os repórteres que poderiam fazer qualquer pergunta, sem censura. “Estou inteiramente de acordo com o que ele disse. Foi uma fala animadora, um momento de muita grandiosidade”, destacou o parlamentar do Distrito Federal.

Abaixo, o que Lula afirmou sobre alianças políticas, soberania brasileira, empresariado, industrialização, democracia e inclusão social, entre vários outros temas:

 ALIANÇAS

“Neste momento as divergências devem ser colocadas de lado. Não sou candidato para ser protagonista, sou candidato para ganhar as eleições, e num momento em que o Brasil está infinitamente pior do que em 2003, quando tomei posse. Ganhar as eleições é mais fácil que governar, e governar significa que você tem que adquirir uma possibilidade muito grande de conversar com as pessoas. Por isso precisamos fazer alianças”.

ALKMIN

“Eu não terei nenhum problema se tiver que fazer uma chapa com Alckmin para ganhar as eleições e governar esse país. Nós vamos construir um programa de interessa da sociedade brasileira. Todo mundo sabe o que eu quero para esse país: não abro mão de que a prioridade seja o povo brasileiro, o povo trabalhador, a classe média baixa, o que está desempregado. Essa gente que tem de ser a nossa prioridade e eu espero que o Alckmin esteja junto”.

DIVERGÊNCIAS

“Temos divergências? Temos. Por isso pertencemos a partidos diferentes. Temos visões de mundo diferentes, mas isso não impede que se construa a possibilidade de as divergências serem colocadas em um canto e você colocar as convergências em um outro canto para poder governar. Não terei nenhum problema se tiver que fazer uma chapa com o Alckmin para ganhar as eleições e poder governar esse país”.

JOSÉ ALENCAR

“Duvido que alguém teve a sorte de ter um vice como José Alencar. Espero que Alkmin esteja ouvindo. Porque ele vai ter que provar que é igual ou melhor que o Zé Alencar”.

GOLPE

“Não vejo a possibilidade de um golpe patrocinado pelo governo dos Estados Unidos aqui. Muitas coisas que acontecem no Brasil dependem menos dos EUA, e mais do complexo de vira-lata da elite brasileira. É ela que permite, e muitas vezes chama, esses golpes para dentro do Brasil”.

PAÍS SOBERANO

“O que os Estados Unidos precisam aprender é que o Brasil não é serviçal deles. É um país soberano, que define a sua própria política externa. Não somos quintal de ninguém. Isso vale para os EUA, China, Rússia, Índia. Respeito é bom, e a gente gosta de dar e de receber”.

EMPRESARIADO

“O empresariado brasileiro já foi respeitável, mas hoje é o ‘véio da Havan’, que é uma tristeza para o nosso país, ainda vendendo produto chinês. Não é nem produto brasileiro”. (…) “A gente tinha empresários nacionalistas, pessoas de envergadura, que eram respeitadas, um conjunto de empresários que pensavam o Brasil. Não deixavam de ser atrasados na relação com os trabalhadores, mas tinham uma noção nacional”.

INDÚSTRIA

“O Brasil precisa pensar em recuperar a sua capacidade industrial. A indústria já representou no Brasil 30% do PIB e hoje representa 10% a 11%. E ela desapareceu porque as pessoas quiseram que desaparecesse. Tanto as multinacionais começaram afundando as nossas empresas de autopeças, quanto os grandes empresários”.

INDUSTRIALIZAÇÃO

“Nós temos que pensar em que nicho de indústria nós tempos que apostar para que esse país possa voltar a ser industrializado. Nós perdemos a era da indústria automobilística. Somos o único país que está entre as dez economias do mundo que não tem uma indústria automobilística. Poderíamos ter tido, mas não pudemos ter ou não deixaram que a gente tivesse. Como não queriam deixar, em 1953, que a gente tivesse petróleo, porque era melhor, diziam na época, importar dos EUA”.

QUESTÃO AMBIENTAL

“Essa tese de que vamos abrir a porteira para o gado passar não será predominante no meu governo”.

DEMOCRACIA

“Quero ser o candidato de um movimento para reestabelecer a democracia no Brasil. É assim que vou governar, ouvir mais o povo brasileiro. O PT é meu partido, mas não vou ser candidato do PT. Quero ser candidato de um movimento que esteja disposto a resgatar a decência, a dignidade e o direito do povo ser feliz e viver dignamente. É esse movimento que vai reestabelecer a democracia, que vai dar um golpe na urna em Bolsonaro”.

BOLSONARO

“Esse negócio dele ficar bravo, dizer que não sabe se vai entregar, não sabe se vai aceitar. Não! Ele, calminho, pode até sair pela porta dos fundos como fez Figueiredo, mas quem ganhar vai tomar posse e presidir esse país”.

POLÍTICAS DE INCLUSÃO SOCIAL

“O PT trabalha para que as mulheres e os negros tenham participação muito mais fortes nas bancadas e inclusive internamente dentro no partido. A sociedade trava este debate e o PT caminha junto, com respeito à densidade brasileira”.

MORO

“Não vou dar importância ao boneco de barro chamado Moro. Se você quiser fazer uma campanha em baixo nível, vai terminar governando em baixo nível”.

PERSEGUIÇÕES

“O Lula não é de perseguir ninguém. Não vou fazer com eles o que fizeram comigo e com o povo. Sou desses caras que pensa grande”.