ESCOLAS PÚBLICAS DO DF RETRATAM MAPA DA FOME

De repente, como num passe de mágica, a mídia brasileira descobriu as péssimas condições de ensino em Brasília.

Isso para mim não é novidade alguma. Conheço bem e acompanho de perto a atual situação de precariedade da educação no DF.

Venho visitando estabelecimentos de ensino e alertando para o problema há muito tempo.

A história do menino do Paranoá Parque, estudante do Cruzeiro, que desmaiou de fome na escola é apenas a ponta de um iceberg que envergonha a capital da República.

Rollemberg não está sendo sério quando alega que esta é uma questão pontual da família do garoto.

A verdade é que sob seu governo meninos e meninas sofrem o suplício da fome, como muitos outros no Nordeste ou qualquer área pobre do país.

As razões são várias mas poderiam ser amenizadas com uma boa gestão.

Crianças em idade escolar passam fome porque a comida é ruim, porque moram longe, porque estudam longe de casa, porque são de famílias de baixa renda e a refeição da escola muitas vezes é a única que recebem no dia.

O depoimento da professora Ana Carolina Costa da escola onde o menino desmaiou é de arrepiar: ”As crianças ficam dispersas. Eu chamo o tempo inteiro a atenção deles e eles dizem: tia, tô com fome”.

É de cortar o coração.

A qualidade do lanche também piorou neste governo. Escolas há 30 km do Palácio do Planalto, assim como escolas do Plano Piloto, voltaram a servir lanches eliminados do cardápio escolar no governo do médico Agnelo Queiroz por fazer mal à saúde das crianças: biscoito doce duro, de péssima qualidade, com suco, é servido no mínimo duas vezes por semana.

Apurei pessoalmente em visita ao Centro de Ensino 20, da Ceilândia, crianças recusarem a refeição. Indagadas sobre o motivo responderam que não aguentavam mais comer repetidamente o mesmo prato, filé de mapará, puro, há mais de um mês.

O quadro é assustador. Há escolas onde as paredes dão choque. Outras com apenas duas funcionárias para cuidar da limpeza de uma escola com mil alunos. Algumas com delinquentes ameaçando alunos e professores na entrada ou na saída.

No governo Dilma houve um grande avanço neste campo: foi implantado um modelo de Centro de Ensino Infantil garantindo que escolas construídas em Brasília tivessem o mesmo padrão de escolas construídas no Maranhão ou em outro estado qualquer.

Outra enorme conquista hoje em risco e extinção foi a implementação no governo Lula dos Institutos Federais de Educação, escolas de qualidade, com profissionais preparados para garantir ensino técnico a nossos jovens.

Enquanto isso hoje aqui a Secretaria de Educação do GDF está totalmente inerte.

Em três anos não construiu um Centro de Educação Infantil, apenas entregou os que haviam sido construídos no governo Agnelo e estavam em fase de finalização.

Não construiu uma escola, não deu um centavo de reajuste salarial para os professores, não paga as pecúnias dos professores aposentados.

Defendo, inclusive, que professores recebam adicionais de periculosidade e insalubridade em seus salários como forma de minimizar a situação desumana vivida por alunos e professores do ensino público.

Se esta é a realidade que vivenciamos de perto na capital da República, imaginem o que acontece hoje em cidades do interior sob este governo golpista cuja intenção é exatamente dizimar a educação brasileira como forma maior de dominação.

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