Expandir modelo do Instituto Hospital de Base não é a solução

Nos últimos quatro anos, o Distrito Federal passou pelo mais longo período de emergência na saúde pública de sua história. O Governador Rodrigo Rollemberg (PSB) decretou, em janeiro de 2015, no início de seu mandato, o Estado de Emergência na Saúde e, a cada 180 dias, renovou a situação sem que houvesse melhoria no atendimento à população da cidade.

Agora, parece que o Governador Ibaneis Rocha achou pouco o período e declarou Estado de Emergência, novamente. Mas foi adiante. Além do decreto, o governador anunciou a intenção de levar o modelo de gestão do Instituto Hospital de Base para todas as unidades de saúde do Distrito Federal.

Na verdade, esse modelo de gestão implantado no maior hospital do DF não deu certo. Na semana passada, noticiei um relatório da Secretaria de Saúde reclamando que o instituto não cumpriu com todos os seus objetivos estabelecidos em contrato. Ou seja, o que foi contratado pelo GDF, o IHBDF não entregou e foram mais de R$ 600 milhões investidos nesse contrato.

A única ação que deu certo no instituto foi o pagamento de altos salários para os dirigentes. Inclusive, redigi um requerimento para cobrar informações da Secretaria de Saúde a respeito da remuneração paga aos diretores do IHBDF, pois, recebi denúncia de que um diretor teria recebido R$ 90 mil de salário. Ou seja, para os dirigentes do Instituto deu muito certo.

Somente para o brasiliense que esse modelo de gestão não tem dado certo. Basta verificarmos que o hospital, que antes era referência no atendimento de alta complexidade, em Oncologia, medicina nuclear, transplantes e na procura pelos cursos de residência médica, agora luta para manter suas credenciais.

Atualmente, o IHBDF corre sério risco de ver descredenciados vários programas de médicos residentes, como aconteceu com a Oncologia. O que será uma tragédia para o Distrito Federal, pois, o Hospital de Base sempre se caracterizou como uma escola de formação para médicos recém-formados.

Penso que o Governador Ibaneis não está a par da real situação, uma vez que prometeu, no decorrer da campanha, que uma de suas primeiras medidas seria acabar com o Instituto e, agora, anuncia que deseja expandir o modelo do IHBDF para todos os hospitais do Distrito Federal.

Caso o governador tenha de fato o interesse de realizar uma discussão sobre modelos de gestão, como forma de descentrar a administração da saúde pública, poderíamos estudar a retomada da Fundação Hospitalar, renovada, modernizada e com o advento de novos mecanismos de gestão.

Também podemos levar em consideração o modelo de gestão adotado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), criada pelo Governo Lula e vinculada ao Ministério da Educação, que gerencia com alto sucesso todos os hospitais universitários federais, como o Hospital Universitário de Brasília (HUB).

Além da iniciativa da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares, vinculada ao Governo do Maranhão, que administra unidades hospitalares em todo o Estado.

Caso o Governador Ibaneis deseje, de fato, solucionar os problemas enfrentados na saúde pública do DF, ao invés de repetir o Governador Rollemberg e seus sucessivos períodos de Estado de Emergência, deveria decretar o Estado de Calamidade Pública na Saúde, pelo período de 180 dias, para organizar a prestação dos serviços da saúde pública e acabar com o Instituto devolvendo, dessa forma, o Hospital de Base para a população.

Deputado distrital Chico Vigilante (PT)