Farsa anunciada

Na sexta-feira passada, dia 14, com pompa e circunstância, a Petrobras anunciou a redução do preço do diesel (2,7%), e da gasolina (3,2%), nas refinarias.

 

Imediatamente, os cães de guarda da mídia foram acionados para trombetear a novidade em uníssono, em toada de histeria coletiva. Rádios, jornais, blogs, colunistas e todo tipo de comunicador a serviço do golpe apressaram-se em avisar o povo brasileiro que a salvação da Nação estaria garantida, dali por diante, graças à possibilidade de, lá na bomba dos postos de combustível, em estimada redução de preços de 3 centavos – e olhe lá.

 

De piada de mau gosto, essa propaganda furada do governo Temer transformou-se em farsa, aliás, como quase tudo que emana da agenda do Palácio do Planalto.

 

Sabe-se, agora, pelos mesmos meios de comunicação que festejaram a glória e a sabedoria de Temer e seu séquito de sábios de boteco, que não virá redução de preço algum. Isso porque a Petrobras se esqueceu de avisar ao distinto público que o álcool anidro, usado na mistura da gasolina, aumentou de preço.

 

Graças a isso, além de não ter havido redução de preços ao consumidor na gasolina e no diesel, aumentou o preço do etanol nas bombas de postos em 18 estados brasileiros.

 

E a Agência Nacional de Petróleo (ANP), porque não se pronunciou a respeito? Porque, além de ser a única agência reguladora sem poder de controle de preços, virou um singular cabide de empregos para a miríade de partidos que apoiou o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, do PT.

 

Essa turma, ao invés de se escorar nessas penas de aluguel do jornalismo chapa branca, deveria seguir o exemplo do que houve em Brasília.

 

Por 13 anos, a partir da CPI dos Combustíveis aberta pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, comandei a luta que resultou nas Operações Dubai I e II da Polícia Federal. Essas ações possibilitaram a intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) do Ministério da Justiça, que decretou o fim do cartel de combustíveis de Brasília, uma máfia que roubou, por mais de uma década, dinheiro dos consumidores locais.

 

O resultado disso foi a redução do preço da gasolina de um patamar próximo a 4 reais – um dos mais altos do País! – para cerca de R$ 3,20, em muitos postos.

 

Luta política e ação pública de verdade. Não essa maldade de enfiar mentiras goela abaixo da população, pior ainda, com a ajuda de jornalistas que, agora, devem uma retratação moral diante do povo brasileiro.

 

Mas, sabemos todos, não se pode esperar deles um ato de grandeza assim.

 

Chico Vigilante, deputado distrital (PT)