Não se acaba com crise demitindo servidores públicos

O golpista Michel Temer prepara um Plano de Demissão Voluntária para os servidores públicos. Na justificativa da equipe econômica dele, o chamado PDV terá como objetivo reduzir os custos da folha de pagamento do Poder Executivo em até R$ 1 bilhão/ano.

Por incrível que pareça, já vi esse filme antes. E afirmo, o final não foi feliz. No início da década de 90, quando o então presidente Fernando Collor de Melo apresentou o PDV com a justificativa de que seria a salvação para as finanças do Brasil, milhares de servidores públicos aderiram ao Plano. Logo depois, estes trabalhadores se arrependeram e quiseram voltar para os antigos postos de trabalho. Na época, muitos deles alegaram que foram praticamente obrigados a pedir demissão.

A situação só foi amenizada quando o então deputado federal Paulo Rocha (PT/PA) apresentou um projeto de lei que previa anistia para os servidores que aderiram ao PDV. Como deputado federal, ajudei na elaboração e na aprovação do PL. Mas o então presidente Fernando Henrique Cardoso descumpriu a lei da anistia.

Somente a determinação do presidente Lula em cumprir a legislação fez com que milhares de servidores demitidos voltassem aos seus postos de trabalho, seja eles nas Estatais ou na administração direta.

Diante desse quadro, chego à conclusão que desempregar trabalhadores não é e nunca será a solução para acabar com a crise. Muito pelo contrário. A medida tende agravar ainda mais a situação do país, que já conta com 14 milhões de desempregados.

Essa proposta imoral é mais uma forma que o golpista Temer encontrou para destruir o serviço público. Os servidores não podem cair neste conto do vigário do diabo, pois vão se arrepender depois. Agora fica a pergunta que não quer calar: por onde anda os coxinhas? Bateram panelas e agora correm o risco de ser demitidos pelo golpista que colocaram no poder.

Chico Vigilante – deputado distrital pelo PT-DF

Assuntos Relacionados