O CARTEL ACABOU, O PREÇO DA GASOLINA DESPENCOU

Apesar da terrível crise econômica e política que vive o Brasil, me sinto feliz quando ando por Brasília e vejo nos postos de gasolina placas de preços a torto e a direito.

Antes não precisava. Por anos era tudo igual. O preço era controlado pelo cartel dos combustíveis do DF que mantinha os donos de postos sob ameaças.

Desde o ano passado, e cada dia mais, os preços caem. A concorrência voltou e derrubou os preços em até R$ 0,85 centavos o litro.

Isso faz uma enorme diferença no bolso do consumidor ao completar o tanque do veículo.

Após uma grande batalha nossa para a prisão do comando do cartel e o desmantelamento de suas práticas, em 2016, o preço que era próximo de R$4,00 o litro, hoje pode ser encontrado até a R$3,15.

A conclusão é óbvia: tivemos uma queda de mais de 20% nos preços, numa prova inegável de que eu tinha razão ao dizer, durante mais de 20 anos, que era possível baixar o preço do combustível no DF – inexplicavelmente mais alto do que em regiões da Amazônia e do norte do país onde a distância das refinarias aumenta naturalmente o preço final.

Durante anos lutei na Câmara Legislativa para derrubar o cartel. Em 2003 consegui aprovar uma CPI que provou a existência do cartel e indiciou 21 pessoas por crime contra a economia popular.

Por causa disso fui ameaçado de morte. O pessoal da Polícia Civil fez minha segurança durante 8 meses quando tivemos conhecimento de que havia um pistoleiro vindo de Pernambuco com a finalidade de me matar. Graças a Deus isso não aconteceu.

Me sinto realizado porque há muitos anos, sob o domínio do cartel dos combustíveis de Brasília, sabia-se que a cada um centavo de aumento no litro da gasolina o cartel tinha um lucro de um milhão no total da gasolina vendida no DF.

E o cartel nunca precisou de motivos reais para impor os aumentos. Fazia isso a seu bel prazer, ganhando bilhões e bilhões com a venda de combustível.

Durante todos estes anos acompanhei o processo e vi que quando a fiscalização relaxa eles voltam a agir.

Em 2016 pesquisa da ANP apontou que o cartel aumentou sua margem de lucro em Brasília, sem nenhuma razão formal, de 80% para 121%, se comparado com os preços em Goiás.

Quando olho para trás me alegro também de outra vitória, que vai baixar ainda mais o preço dos combustíveis no DF: a aprovação pela Câmara Legislativa de projeto de lei de minha autoria, já transformado em lei, que permite a abertura de postos de combustíveis em estacionamentos de shoppings e supermercados.

Em países como EUA, por exemplo, isso resultou numa queda de 10% no preço do combustível para o consumidor, pelo aumento da concorrência.

Essa foi outra longa luta. Precisei apresentar duas vezes o mesmo projeto. Da primeira vez os chefes do cartel foram para dentro da Câmara Legislativa amedrontar os deputados para não aprovarem o projeto.

Não me intimido por medo de retaliações e me mantenho atento na luta para que o cartel não volte. Continuo acompanhando o trabalho da PF, do CADE, do Ministério Público, que durante todos estes anos estiveram do meu lado contra o cartel.

Convido a todos os brasilienses, proprietários ou não de veículos – uma vez que o preço da gasolina influencia também o de outros produtos – que se unam à luta para baratear o preço da gasolina em Brasília, fiscalizando indícios de cartel por parte dos donos de postos.

Toda esta luta valeu e vale muito a pena.

Chico Vigilante
Dep.Distrital PT-DF