POR QUE OS EMPRESÁRIOS NEGAM O QUE OS VIGILANTES NECESSITAM ?

Após vários dias com agências bancárias fechadas, postos do INSS, parques, zoológico, Torre de TV, e hospitais com visitas prejudicadas por falta de segurança, a população de Brasília deve estar se perguntando:

Por que os vigilantes estão em greve e por que suas reivindicações não são atendidas pelos empresários do setor. Serão assim tão difíceis?

Claro que não. Nem difíceis, nem impossíveis, se até 2017 eram contidas em convenções de trabalho consensuais entre patrões e empregados.

Os vigilantes do Distrito Federal estão em greve há seis dias porque querem ser tratados com dignidade e respeito humano.

Basta que a direção do sindicato patronal se preocupe com o bem-estar da população de Brasília e não apenas com o lucro dos empresários.

Na verdade querem implantar de uma só vez toda a nefasta reforma trabalhista de Temer nas costas dos vigilantes.

A intransigência é uma constante.

Desde os últimos meses de 2017 as empresas de vigilância que venceram a licitação do GDF já iniciaram descumprindo regras dos contratos assinados, além de lei de minha autoria que garante a recontratação dos vigilantes antigos pelas novas que entrarem.

Demitiram, transferiram vigilantes para postos a 100 kms de sua casa. O intuito era humilhá-los para que pedissem demissão.

Vencida a convenção de 2017 partimos para negociar a de 2018, como fazemos há 36 anos.

O presidente do sindicato patronal de vigilância do DF, da empresa Multiservice, e a empresa Brasfort resolveram retirar direitos dos trabalhadores de forma agressiva e inesperada.

Na segunda a Brasfort entregou o contracheque sem o pagamento do plano de saúde dos vigilantes e sem o desconto da contribuição do vigilante ao sindicato da categoria até então descontada do trabalhador e repassada diretamente ao sindicato.

São duas medidas que escancaram a crueldade e a inspiração fascista dos empresários da vigilância: cortar direitos de tratamento médico e tentativa premeditada de destruição do sindicato dos vigilantes ao forçar a diminuição de sua arrecadação

Na última jornada de negociações tentamos de tudo, intermediação da Justiça, do GDF, dos tomadores de serviços. Tratei da questão com o governador Rollemberg, com os presidentes do Banco do Brasil, PauloTafarelli e do BRB, Vasco Cunha.

Meu recado foi: ou os tomadores de serviço entram nas negociações para montar uma proposta de consenso ou a greve não acaba.

Após assembleias diárias cada vez maiores propusemos na segunda-feira que se transcreva a decisão judicial de 2017, aplique o mesmo índice de aumento dado à categoria de asseio e conservação, que foi de 3,1%, e mantenha-se o plano de saúde e o ticket alimentação, (que os empresários insistem em mudar para cesta básica).

Os empresários continuaram intransigentes. Não ofereceram nada. A greve, portanto, continua.

Confesso que depois de mais três décadas de luta pelos vigilantes ainda me emociono quando vejo uma assembleia como a que vi na noite de segunda-feira, no Conic, após seis dias em greve.

Uma categoria unida e consciente que não aceita em hipótese alguma que lhe roubem direitos conquistados com suor e sangue de anos de luta.

Só me entristeço pela população do DF de ter empresário deputado ganancioso e sem escrúpulo que obriga o trabalhador a votar nele para explorar ainda mais.
Chico Vigilante