Venezuela sob ataque

Até 15 anos atrás, ninguém na mídia mundial se preocupava com a Venezuela, um país latino-americano que boiava sobre um oceano de petróleo e era dominado por uma das elites mais perversas da América do Sul. Uma burguesia caricata que se isolava em mansões, em Caracas, e mandava trazer água mineral de Miami, cidade da Flórida onde passavam fins de semana e feriados. O resto da população penava em favelas e invasões, excluída da riqueza que colocou o país como membro da poderosa Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

A chegada de Hugo Chávez ao poder modificou tudo. Muito além dos barões encastelados, o povo pobre da Venezuela passou a experimentar desenvolvimento social, igualdade de tratamento, dignidade e cidadania, frutos da chamada Revolução Bolivariana.

Por tudo isso, observo com imensa preocupação o desenrolar dos acontecimentos no nosso país irmão, com quem dividimos, ao longo da História, os mesmos sonhos, dramas e lutas em busca de uma sociedade melhor e mais igualitária. Lá, como aqui, as elites que sempre exploraram a nação querem o poder de volta sem voto, e por isso pelejam contra a iniciativa de uma constituinte escolhida por voto popular – exatamente o que deveria estar acontecendo no Brasil.

Sinto enorme vergonha de presenciar os golpistas brasileiros fazendo coro à mídia internacional – reacionária e a soldo dos interesses dos Estados Unidos – contra a autoderminação do povo venezuelano e do governo do presidente Nicolás Maduro. Acho mesmo incrível que um sujeito como Aloysio Nunes Ferreira, esse chanceler de araque colocado no Itamaraty pelo golpista Michel Temer, acusando a Venezuela de caminhar para uma ditadura. Logo a Venezuela, que fez dezenas de eleições, e tudo decide dessa forma, nos últimos 15 anos. Aqui, no Brasil, onde se está se implantando uma ditadura do Judiciário, essa gente nada diz, mas fazem escândalos quando, em Caracas, golpistas e agentes de desestabilização do governo são presos por crime de lesa-pátria.

Besta de quem cai nessa conversa mole da mídia e não percebe que, como no Brasil, o que está em jogo é a democracia e as riquezas daquele País.

Minha solidariedade ao governo e ao povo da Venezuela, portanto.

Chico Vigilante, deputado distrital PT-DF

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